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Mais natureza, por favor



2020 tem sido um ano de grandes desafios. Desafios para as famílias, para as empresas, escolas, associações e para as crianças. Pela primeira vez descobrimos o que é estar num isolamento "voluntário", descobrimos o que é estar privados de apanhar o ar fresco da manhã, passear na praia ou a correr da chuva que nos segue numa ida para escola. Pela primeira vez a humanidade viu o quão pequena pode ser uma ameaça global, o que põe em causa e como facilmente ficamos confinados em casa sem saber como vai ser o dia de amanhã.


O sol nasceu todos os dias. Os pássaros cantaram, as aves migraram e o rios correram. Leões tomaram conta de estradas onde apenas passavam os jipes dos Safaris, as águas de Veneza mudaram de cor e a natureza sentiu uma lufada de ar fresco pela ausência da humanidade. A Terra continuou a girar, as estrelas brilharam e o mundo natural começou a recuperar como já não era visto há 100 anos. Em dois meses a natureza recuperou o que nunca recuperaria sem a presença do vírus. Em dois meses a natureza mostrou que é possível vivermos em conjunto. Não me interpretem mal, compreendo muito bem o impacto social e económico que tudo isto está a causar e as repercussões de futuro. Aqui a minha mensagem é de esperança, que é possível, que existe um linha de co-habitação entre todos, que deveríamos pensar num futuro com menos consumismo e mais abraços, com menos aviões e mais natureza, com uma educação com equilíbrio entre os livros, o brincar e o estar ao ar livre.


Estarmos confinados em casa, isolados, sem abraçar os nossos mais queridos fez-nos pensar que a vida é mais do que trabalho, séries e "hoje não me apetece, faço noutro dia". Temos o dia seguinte como garantido, temos os passeios com algo concreto, vivendo numa arrogância ingénua que o amanhã irá surgir.


Quero acreditar que a partir de 2020 muito vai mudar. As escolas vão repensar em como usufruir do espaços exteriores adaptando o currículo e fazer crianças felizes; os pais vão trocar os centros comerciais por passeios onde se ouvem as abelhas, as ondas do mar ou vento nos ramos das árvores; os encontros de adolescentes vão passar a ser mais na praça do bairro do que em cafés lotados; as empresas vão repensar se querem apostar na qualidade em vez na quantidade de horas; os vizinhos serão os fornecedores de açúcar ou salsa e onde as bicicletas voltarão a dar às rodas.


Uma vida pós Covid 19, só pode ser diferente, só pode ter mais natureza nas nossas vidas. Agora que demos pela falta é difícil voltar ao passado.

Estar na natureza é um bem essencial à nossa saúde, bem estar e um local onde a liberdade das crianças não está presa a um ecrã. Quero acreditar que 2020 vai ser contado nas escolas como um momento de passagem, de despertar e de consciência. Porque sejamos honestos, não podemos pensar só em usufruir. Temos que largar esse egoísmo inscrito no DNA humano e pensar com o que levou milhares de anos a evoluir, a nossa consciência, a nossa capacidade de criar, sonhar e transformar, mas sem manipular e distorcer. Agora que sabemos o caminho, criaremos um mundo mais sustentável, mais equitativo e global.



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